Tesouro Direto: guia completo para iniciantes

Tesouro Direto: guia completo para iniciantes

Introdução: por que investir no Tesouro Direto é uma excelente porta de entrada

O Tesouro Direto é considerado um dos investimentos mais seguros e acessíveis para quem está começando a investir no Brasil. Ele permite que pessoas físicas comprem títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional com valores relativamente baixos, com proteção estatal e diferentes opções de remuneração (prefixada, pós-fixada ou indexada à inflação).

Nos últimos anos, o Tesouro Direto ganhou mais visibilidade: segundo dados de agosto de 2025, foram efetuadas 861.853 operações de investimento no programa, totalizando R$ 6,39 bilhões em aplicações.

Se você é iniciante, este guia vai explicar tudo: o que é Tesouro Direto, tipos de títulos, como investir, tributos, riscos, estratégias e como usá-lo para compor sua carteira.

O que é o Tesouro Direto

O Tesouro Direto é um programa criado em 2002 pelo Tesouro Nacional em parceria com a B3, que permite que cidadãos comuns comprem títulos públicos federais pela internet. É uma alternativa tradicional para formar patrimônio com segurança, porque o emissor é o governo federal, considerado de baixo risco de crédito.

No site oficial, você encontra dados atualizados sobre rendimentos e histórico de preços.

Vantagens e limitações do Tesouro Direto

Vantagens

  • Segurança: garantido pelo Tesouro Nacional, considerado de baixo risco.

  • Acessibilidade: valores mínimos baixos (alguns títulos permitem compra com menos de R$ 200).

  • Transparência: histórico de taxas, preços e simulações públicos.

  • Liquidez: possibilidade de venda em mercado secundário — embora o preço dependa da taxa de mercado.

  • Proteção contra inflação: títulos indexados ao IPCA garantem rendimento real acima da inflação.

  • Capacidade de diversificação: diferentes prazos e indexadores para compor uma carteira balanceada.

Limitações / riscos

  • Risco de variação de preço se você rescatar antes do vencimento — pode haver perdas caso as taxas de mercado subam.

  • Incidência de imposto de renda sobre os rendimentos segundo tabela regressiva.

  • Taxa de custódia (embora normalmente pequena): 0,25% ao ano sobre o valor dos títulos fica retido pela B3.

  • Risco de liquidez em dias extremos de mercado, embora raro.

  • Risco político e fiscal: decisões governamentais e macroeconômicas (dívida pública, déficit, juros) influenciam os títulos públicos.

Tipos de títulos do Tesouro Direto

Atualmente, os principais tipos de títulos disponíveis no Tesouro Direto são:

Tipo de título Característica principal Ideal para
Tesouro Selic Pós-fixado, remuneração acompanha a taxa Selic Reserva de emergência, segurança
Tesouro Prefixado Taxa fixa predefinida Visão de taxa estável, prazos definidos
Tesouro IPCA+ (indexado à inflação) Rendimento = IPCA + taxa fixa Proteção ao poder de compra no longo prazo
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais Igual ao IPCA+, mas pagamento de juros semestrais Quem quer fluxo de caixa periódico

No site do Tesouro Direto você pode acompanhar títulos disponíveis e suas taxas.

Como investir no Tesouro Direto: passo a passo

  1. Abra conta numa corretora ou banco habilitado
    Verifique se ela é participante do Tesouro Direto.

  2. Faça a transferência de recursos da conta bancária para a conta da corretora
    Sem isso, você não poderá comprar os títulos.

  3. Acesse o sistema do Tesouro Direto através da corretora ou portal oficial
    Simule condições, prazos e tipos de títulos.

  4. Escolha o título desejado e a quantidade (em reais ou frações permitidas)
    Há valores mínimos particulares para cada título.

  5. Efetue a compra
    O título será custodiado pela B3 em nome do investidor.

  6. Acompanhe seu investimento periodicamente
    Verifique o valor de mercado, se planeja resgatar ou deixar até o vencimento.

  7. Venda antecipada (opcional)
    Se desejar sair antes do vencimento, você pode vender no mercado secundário, com base nas taxas vigentes.

Tributação e custos do Tesouro Direto

Imposto de Renda

Os rendimentos do Tesouro Direto estão sujeitos ao IR conforme tabela regressiva:

  • Até 180 dias: 22,5%

  • De 181 a 360 dias: 20%

  • De 361 a 720 dias: 17,5%

  • Acima de 720 dias: 15%

Taxa de custódia

A B3 cobra 0,25% ao ano sobre o valor dos títulos sob custódia (meia taxa, calculada proporcionalmente).

Outros custos

A corretora pode cobrar taxa de administração ou corretagem, mas muitas já oferecem Tesouro Direto sem taxa para investidores pessoa física.

Rendimentos e exemplos práticos

Dados de rendimento recente

No painel de “Rentabilidade Acumulada”, o Tesouro Selic, por exemplo, tem apresentado rendimento acumulado de cerca de 10,26% no ano e 13,25% em 12 meses (dados brutos) para alguns títulos.

Exemplo prático 1: Tesouro IPCA+

Suponha que você compre um título Tesouro IPCA+ com taxa de IPCA + 4,0% ao ano, e mantém até o vencimento de 10 anos. Seu rendimento será ajustado pela inflação + 4,0%. Se a inflação média anual for 3%, seu rendimento real será ≈7%.

Exemplo prático 2: Tesouro Selic como reserva

Você investe R$ 2.000 em Tesouro Selic hoje. Se a Selic estiver em 13,25% ao ano, e considerando taxas, seu valor pode render ~11% líquido em 1 ano.

Exemplo prático 3: resgate antecipado e risco de preço

Se você investiu em Tesouro Prefixado e as taxas de mercado aumentarem, o valor de mercado do seu título cai — se vender antes do vencimento, pode sofrer perdas.

Estratégias de uso no portfólio

  • Reserva de emergência: use Tesouro Selic ou outro título de liquidez alta.

  • Proteção contra inflação: use Tesouro IPCA+ para garantir que seu poder de compra não seja corroído.

  • Objetivos de médio prazo: prefixados ou indexados podem ser úteis para metas fixas (compra de carro, casa).

  • Carteira balanceada: combine Tesouro Direto com ações, fundos e outros ativos.

Riscos e como mitigá-los

  • Risco de mercado / taxa: variações nas taxas impactam preço dos títulos prefixados e indexados.

  • Risco de crédito: muito baixo no Tesouro Direto (risco do governo).

  • Risco de liquidez: venda em momentos de crise pode ter spread elevado ou menor demanda.

  • Risco inflacionário inesperado: especialmente se o indexador for fixo (prefixado).

Para mitigar, mantenha parte do portfólio em títulos líquidos e diversifique entre indexadores e prazos.

Tendências recentes e dados atualizados

  • O estoque de títulos do Tesouro Direto ultrapassou R$ 180,35 bilhões em junho de 2025, com crescimento de 25,95% em 12 meses.

  • Em relatório de julho de 2025, o estoque fechou em R$ 185,7 bilhões, com aumento de 3,0% em relação ao mês anterior.

  • Em agosto de 2025, foram aplicados R$ 6,39 bilhões em operações no Tesouro Direto.

Esses dados mostram que o Tesouro Direto está fortalecendo sua base de investidores e atraindo novos aportes.

Boas práticas e dicas para iniciantes

  1. Comece aos poucos — não precisa aportar tudo de uma vez.

  2. Use simuladores — tanto no site oficial quanto em corretoras.

  3. Tenha metas definidas — curto, médio e longo prazo.

  4. Rebalanceie periodicamente — ajuste proporções conforme o mercado evolui.

  5. Evite sacar em momentos ruins de mercado — mantenha disciplina.

  6. Fique atento a taxas e tributos — avalie sempre o retorno líquido.

Conclusão

O Tesouro Direto é uma porta de entrada poderosa para quem quer investir com segurança e transparência no Brasil. Ele oferece uma gama de opções (prefixadas, pós-fixadas, indexadas à inflação), com liquidez, respaldo do governo e custos baixos.

Para iniciantes, a chave é começar cedo, diversificar entre os títulos e manter uma visão de longo prazo. Se usado com inteligência dentro de uma estratégia maior de carteira, o Tesouro Direto pode constituir o alicerce de um patrimônio sólido e de uma vida financeira mais tranquila.

Sempre lembre: nenhum investimento é isento de risco — entender os mecanismos, taxas e cenário macroeconômico (juros, inflação, déficit público) é essencial para tomar decisões bem informadas.

Quer saber mais sobre educação financeira? Continue acompanhando o Dinheiro&Finanças.com

Miriam Aryeh é editora no dinheiroefinancas.com e especialista em finanças pessoais. Sua missão é ajudar pessoas comuns a organizar o orçamento, eliminar dívidas e construir uma vida financeira mais equilibrada. Com foco em estratégias práticas, Miriam acredita que a liberdade financeira é alcançável para todos, desde que haja disciplina e informação de qualidade.