Introdução: por que falar de inflação é vital
A inflação é um dos fenômenos econômicos mais importantes da vida financeira. Mesmo que você nunca tenha estudado economia, ela impacta diretamente o seu bolso: desde o preço do pãozinho até o valor da sua poupança e dos seus investimentos.
No Brasil, a inflação oficial é medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), calculado pelo IBGE. Em agosto de 2025, o IPCA acumulava 4,19% em 12 meses, dentro da meta do Banco Central, mas ainda acima da inflação registrada em países desenvolvidos.
Neste artigo, vamos explicar o que é a inflação, como ela é medida, quais os principais tipos e, sobretudo, como se proteger desse fenômeno para preservar seu poder de compra.
O que é inflação?
A inflação é o aumento generalizado e contínuo dos preços de bens e serviços em uma economia ao longo do tempo.
Ela não significa que todos os preços sobem ao mesmo tempo, mas sim que, em média, a cesta de bens consumida pela população fica mais cara.
Em termos práticos, a inflação corrói o poder de compra: com a mesma quantidade de dinheiro, você compra menos produtos ou serviços.
Como a inflação é medida no Brasil
IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo)
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Calculado pelo IBGE.
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Mede a variação de preços para famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos.
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É o índice oficial usado pelo Banco Central para metas de inflação.
INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor)
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Também do IBGE.
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Foca em famílias com renda entre 1 e 5 salários mínimos.
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Mais sensível ao aumento de preços de alimentos e transporte.
IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado)
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Calculado pela FGV.
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Muito usado em reajustes de contratos de aluguel.
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Mais volátil, pois inclui preços no atacado e matérias-primas.
Outros índices relevantes
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IPA: preços no atacado.
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INCC: custos da construção civil.
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IPC-Fipe: usado para medir inflação em São Paulo.
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Inflação no mundo
Cada país possui seus próprios índices de preços.
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EUA: CPI (Consumer Price Index).
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Zona Euro: HICP (Harmonised Index of Consumer Prices).
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Reino Unido: CPIH.
Em agosto de 2025, a inflação dos EUA estava em 2,6% ao ano, enquanto a Zona Euro registrava 2,5%. Países emergentes como Argentina enfrentavam taxas acima de 140% ao ano, mostrando o impacto da má gestão econômica.
Tipos de inflação
Inflação de demanda
Ocorre quando a procura por bens e serviços cresce mais rápido do que a capacidade de produção. Ex.: aumento do consumo em momentos de crescimento econômico.
Inflação de custos
Decorre do aumento nos custos de produção, como energia, combustíveis e salários. Esses custos são repassados ao consumidor.
Inflação inercial
Resulta da indexação da economia, quando contratos e preços são reajustados automaticamente pela inflação passada.
Inflação estrutural
Relacionada a gargalos de infraestrutura, logística ou baixa produtividade que encarecem produtos.
Impactos da inflação na vida financeira
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Perda do poder de compra: salários não acompanham a alta dos preços.
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Erosão das poupanças: dinheiro parado em conta perde valor real.
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Aumento da desigualdade: famílias de baixa renda sofrem mais, pois gastam maior parte do orçamento em alimentos e transporte.
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Incerteza econômica: dificulta planejamento de empresas e famílias.
Como se proteger da inflação
1. Investir em ativos indexados
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Tesouro IPCA+: garante rendimento acima da inflação.
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CDBs, LCIs e LCAs atrelados ao IPCA.
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Fundos de inflação: investem em títulos públicos corrigidos.
2. Diversificação internacional
Investir parte do patrimônio em ativos no exterior (ETFs globais, fundos internacionais) ajuda a reduzir impacto da inflação doméstica.
3. Fundos imobiliários e imóveis
Em geral, contratos de aluguel são corrigidos pelo IGP-M ou IPCA, o que protege parte do patrimônio.
4. Ações de empresas resilientes
Companhias que conseguem repassar preços (como energia e consumo básico) tendem a se proteger melhor da inflação.
5. Manter reserva em ativos líquidos
Mesmo com inflação, é importante ter liquidez para emergências — mas alocando em ativos que rendam ao menos próximo da Selic.
Inflação e a política monetária
O Banco Central é responsável por controlar a inflação no Brasil, usando como principal ferramenta a taxa Selic.
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Quando a inflação sobe acima da meta, o BC aumenta a Selic para desestimular consumo e crédito.
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Quando a inflação cai, o BC pode reduzir a Selic para estimular a economia.
Em 2025, a Selic está em 10,50% ao ano, após cortes graduais feitos pelo Copom desde 2023. A expectativa do mercado é que continue em trajetória de queda se a inflação permanecer controlada.
Inflação no longo prazo: o inimigo invisível
Muitas pessoas subestimam o impacto da inflação acumulada. Vamos a um exemplo prático:
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Salário atual: R$ 5.000
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Inflação média de 5% ao ano por 10 anos.
👉 Daqui a 10 anos, o poder de compra será equivalente a R$ 3.000 atuais, caso o salário não acompanhe os reajustes.
Isso mostra por que proteger-se da inflação é indispensável.
Estratégias práticas para famílias
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Reajustar o orçamento familiar pelo menos uma vez por ano.
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Dar prioridade a dívidas de juros altos (que se tornam mais pesadas com inflação).
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Evitar deixar dinheiro parado em poupança.
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Negociar reajustes salariais ou buscar renda extra.
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Manter investimentos indexados ao IPCA como parte da carteira.
Dados atualizados da inflação no Brasil (2025)
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IPCA acumulado em 12 meses até agosto de 2025: 4,19%.
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Meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional para 2025: 3,0% (com margem de tolerância de 1,5%).
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INPC acumulado: 3,95% em 12 meses.
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IGP-M acumulado: 4,82% em 12 meses (FGV).
Esses dados reforçam que, embora a inflação esteja relativamente controlada, continua sendo um risco permanente para as finanças pessoais.
Conclusão: proteger-se da inflação é questão de sobrevivência financeira
A inflação é silenciosa, mas perigosa. Ela reduz o poder de compra, corrói poupanças e dificulta planos de longo prazo.
Por outro lado, entender como funciona, acompanhar índices e aplicar estratégias de proteção permite preservar e até ampliar o patrimônio.
O segredo está em combinar educação financeira, disciplina e bons investimentos. Assim, a inflação deixa de ser uma ameaça e se torna apenas mais uma variável a ser administrada.
FAQ — Perguntas frequentes
1. O que é inflação?
É o aumento generalizado dos preços de bens e serviços ao longo do tempo.
2. Como a inflação é medida no Brasil?
Principalmente pelo IPCA, calculado pelo IBGE.
3. Qual a diferença entre IPCA e IGP-M?
O IPCA mede a inflação ao consumidor, enquanto o IGP-M é usado em contratos, como aluguéis.
4. A inflação sempre é ruim?
Inflação moderada é natural em economias, mas inflação alta prejudica planejamento e consumo.
5. Como posso me proteger da inflação?
Investindo em Tesouro IPCA+, fundos indexados, imóveis e diversificação internacional.
6. Qual a inflação atual no Brasil em 2025?
Em agosto de 2025, o IPCA acumulado em 12 meses foi de 4,19%.
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