Criptomoedas em Portugal: como comprar e pagar menos impostos (2025)

Criptomoedas em Portugal: como comprar e pagar menos impostos (2025)

1. Introdução: o ambiente cripto em Portugal

Índice

As criptomoedas em Portugal têm ganhado visibilidade crescente, especialmente com mudanças no regime fiscal e avanço regulatório em 2023-2025. Portugal deixou de ser “paraíso fiscal cripto” absoluto, mas ainda apresenta vantagens comparativas para investidores de longo prazo e usuários conscientes.

Neste guia você vai aprender não só como comprar cripto de forma segura em Portugal, mas também como pagar menos impostos, mantendo conformidade fiscal.

2. Panorama legal e regulatório de criptomoedas em Portugal

Até 2022, Portugal era famoso por sua abordagem quase isenta em relação à tributação de cripto, onde compras e vendas ocasionais de criptoativos eram muitas vezes consideradas isentas de IRS.

Contudo, com o Orçamento do Estado de 2023, foi instituído um novo regime fiscal para criptoativos que impôs tributação de 28 % sobre ganhos de capital obtidos com ativos detidos por menos de 365 dias.

Importante: ganhos com criptomoedas mantidas por mais de um ano (365 dias) podem ser isentos de imposto em muitos casos.

Também foi definido que rendimentos decorrentes de staking ou rendimento passivo aplicam-se à categoria E com taxa de 28 %.

Além disso, a troca de criptomoedas por bens ou serviços em Portugal é isenta de IVA, pois o cripto é tratado como meio de pagamento para fins fiscais.

Outro aspecto novo: quando uma pessoa deixa de ser residente fiscal em Portugal, aplica-se uma “tributação à saída” — trata-se de taxa fixa de 28 % sobre os criptoativos detidos na data da saída (com opção de regime progressivo).

3. Por que investir em criptomoedas em Portugal pode ser atrativo

  • Possibilidade de isenção se mantiver o ativo por mais de 365 dias;

  • Relativamente nova tributação, o que permite planejamento antes de impacto total;

  • Portugal regula exchanges de cripto (serviços de custódia, troca etc.) exigindo licenças sob supervisão do Banco de Portugal para licenciamento de entidades.

  • Algumas exchanges portuguesas licenciadas já operam — por exemplo, a Criptoloja recebeu licença para troca entre cripto e fiduciárias em 2021.

Porém, como todo investimento, há riscos — vamos abordar em seguida.

4. Riscos inerentes ao mercado de criptomoedas

  • Volatilidade extrema: preços podem oscilar abruptamente

  • Riscos regulatórios: leis podem mudar, redefinindo tributação

  • Risco de segurança: hacks, roubo de private keys

  • Risco de exchange: falência de corretoras ou custodiantes

  • Risco fiscal: erro de declaração ou omissão pode gerar penalidades

5. Como comprar criptomoedas em Portugal: exchanges e corretoras

5.1 Exchanges estrangeiras vs portuguesas licenciadas

Você pode usar exchanges internacionais como Binance, Coinbase, Kraken, ou plataformas nacionais com licença (ex: Criptoloja). As plataformas portuguesas licenciadas criam segurança adicional no contexto regulatório local.

5.2 Processos de registro, KYC e verificação

Quase todas exigem identificação (Cartão de Cidadão / passaporte), prova de morada, verificação facial, entre outros requisitos de “Know Your Customer” para conformidade com normas anti-lavagem de dinheiro.

5.3 Meios de pagamento

Você pode usar:

  • Transferência bancária SEPA (Euro) ou nacional

  • Cartão de crédito ou débito (algumas taxas extras)

  • Depósito por IBAN

  • Em algumas plataformas, pagamento via multicripto

Cuidado com taxas de conversão, spreads e limites de depósito.

6. Como armazenar criptomoedas com segurança (wallets)

  • Carteiras “cold” (hardware): Ledger, Trezor — chaves ficam offline

  • Carteiras “hot” (software/mobile/web): convenientes, mas mais vulneráveis

  • Carteiras “custodiais” das exchanges: práticas, mas exigem confiança na segurança da plataforma

  • Use autenticação de dois fatores (2FA), backups e prática de segurança

7. Tributação: o novo regime fiscal para criptomoedas

Este é um dos núcleos do artigo, pois ajuda a responder “como pagar menos impostos”.

7.1 Ganhos de capital (curto prazo) — taxa de 28 %

Se você vende cripto adquirida há menos de 365 dias, o ganho de capital (mais-valia) é tributado a 28 % como rendimento de capital (Categoria G).

7.2 Isenção para ativos mantidos por mais de 365 dias

Criptoativos mantidos por mais de um ano podem ser isentos de imposto sobre mais-valias em muitos casos — desde que não sejam classificados como “valores mobiliários” ou sujeitos a regimes especiais.

7.3 Rendimentos de staking, lending e rendimento passivo (Categoria E)

Recompensas de staking ou juros recebidos por empréstimos cripto (quando convertidos em moeda ou na prática) geralmente são tributados sob a Categoria E, à taxa fixa de 28 %.

7.4 Operações de mineração

Se você minerar criptomoedas como uma atividade regular, isso pode ser considerado rendimento empresarial (Categoria B) ou atividade profissional, sendo tributado por escalão progressivo. Algumas normas preveem tributação de 95 % do valor da mineração para fins de imposto.

7.5 Cripto como meio de pagamento e isenção de IVA

Quando você utiliza criptomoedas para pagar bens ou serviços, essa operação é geralmente isenta de IVA em Portugal, já que criptomoedas são tratadas como meio de pagamento para efeitos fiscais comunitários.

7.6 Imposto de selo sobre doações ou heranças de criptoativos

Se alguém doar ou herdar criptomoedas, pode haver Imposto de Selo aplicável — por exemplo, doações gratuitas de cripto ativos podem estar sujeitas a imposto de selo de 10 %.

8. Como declarar criptomoedas no IRS em Portugal

8.1 Onde declarar (Anexo / formulários)

Os ganhos com criptomoedas em Portugal devem ser declarados no IRS, normalmente no Anexo G, sob categoria G (mais-valias).

Para rendimentos de cripto que são classificado como rendimento (staking, mineração) podem usar o Anexo B (atividade profissional) ou opções de englobamento.

A Autoridade Tributária portuguesa divulgou que operações cripto devem ser informadas, e no caso de mineração há linha específica no quadro de rendimentos.

8.2 Documentação e comprovação

Você deverá guardar:

  • Extratos da exchange

  • Logs de transações (data, valor, taxas)

  • Conversão para euros na data da operação

  • Provas de custódia (wallets)

Sem documentação, pode haver penalidades ou ajuste pela Autoridade Tributária.

9. Estratégias legais para pagar menos impostos (planeamento)

9.1 Manter os cripto por mais de 1 ano

Essa é a estratégia mais direta: converter ganhos após 365 dias para obter isenção de imposto sobre mais-valias.

9.2 Usar o regime de englobamento quando aplicável

Se seus ganhos superarem certos limites, pode haver opção de englobar esses rendimentos no IRS geral, usando alíquotas progressivas. Isso pode ser vantajoso dependendo da faixa de renda.

9.3 Atividades ocasionais vs profissionais

Evite caracterização de atividade profissional — se suas transações forem esporádicas, você será tributado como investidor. Se for visto como trader profissional ou minerador regular, poderá haver tributação mais pesada.

9.4 Perdas acumuladas e compensações

Você pode usar perdas para compensar ganhos futuros, reduzindo imposto a pagar. Documente bem suas transações e registre lucros e prejuízos.

10. Cuidados e armadilhas fiscais

  • Omitir transações pode gerar multas e penalidades

  • Uso de exchanges não registradas pode complicar declarações

  • Conversões entre cripto-cripto podem ser consideradas eventos tributáveis dependendo da interpretação fiscal

  • Movimentos de saída de residência precisam ser declarados (tributação à saída)

  • Nem todos os criptoativos serão tratados de forma igual (alguns podem ser considerados “valores mobiliários”)

11. Comparação com outros países e atração cripto

Portugal, embora tenha introduzido tributação, ainda é considerado relativamente favorável ao cripto comparado com muitos países europeus, principalmente para holdings de longo prazo.

Alguns países cobram imposto sobre cada transação ou taxas anuais, enquanto Portugal foca na tributação de ganhos imediatos.

12. Exemplos práticos e simulações

Exemplo 1
Você compra 1 BTC por 20.000 € e vende 1 ano depois por 30.000 €. Ganho = 10.000 €. Como passou 365 dias, esse ganho é isento de imposto segundo o regime atual.

Exemplo 2
Você compra 1 ETH por 2.000 € e vende 200 dias depois por 3.000 €. Ganho = 1.000 €. Esse ganho deverá pagar 28 % de imposto → 280 €.

Exemplo 3
Você faz staking e recebe 100 € em criptomoedas como recompensa e converte para euros: esse rendimento é tributável sob taxa de 28 %.

Esses exemplos mostram como tempo de detenção e natureza da operação influenciam a carga tributária.

13. Implicações para residentes e não-residentes

  • Residentes fiscais em Portugal: precisam declarar ganhos com criptomoedas em Portugal segundo regras do IRS.

  • Não-residentes: geralmente tributados apenas sobre rendimentos de fonte portuguesa — isso pode afetar operações com plataformas portuguesas ou cripto ligados a Portugal.

  • Se uma pessoa deixa de ser residente, aplica-se tributação à saída sobre criptoativos mantidos até esse momento.

14. Conexão com finanças pessoais e investimentos tradicionais

Ao investir em criptomoedas em Portugal, é essencial integrar essa alocação com sua carteira global. Para entender alocação equilibrada, recomenda-se ler conteúdos complementares:

Dessa forma, você equilibra risco e aproveita o efeito dos juros compostos em ativos mais estáveis, compensando as oscilações do mercado cripto.

15. Tendências fiscais e regulatórias para criptomoedas em Portugal

  • A legislação ainda está evoluindo: ajustes em 2026 são esperados.

  • Possível ampliação da tributação a outras categorias de criptoativos (ex: tokens que se comportam como valores mobiliários)

  • Maior fiscalização da Autoridade Tributária sobre transações ocultas

  • Desenvolvimento de ferramentas automatizadas por exchanges para informar transações

  • Crescimento de licenciamento e regulação de exchanges nacionais

16. Conclusão e recomendações finais sobre criptomoedas em Portugal

Investir em criptomoedas em Portugal hoje exige equilíbrio: por um lado, há oportunidades fiscais (isenção após 1 ano) e ambientação regulatória; por outro, riscos e obrigações fiscais novas.

Para pagar menos impostos legalmente:

  • Mantenha cripto por mais de 365 dias sempre que possível

  • Faça operações de staking com cautela e documente

  • Use o regime de englobamento quando vantajoso

  • Evite caracterização de atividade profissional, se for investidor ocasional

  • Guarde rigorosamente documentação

Com uma boa estratégia e planejamento fiscal, você pode tirar proveito das criptomoedas em Portugal de forma legal, eficiente e segura.

Sandra Santos é jornalista especializada em finanças pessoais, economia do dia a dia e comportamento do consumidor. Com sólida experiência em jornalismo digital, dedica-se a transformar temas complexos em informações claras e práticas, ajudando os leitores do dinheiroefinancas.com a tomarem decisões mais conscientes sobre o uso do dinheiro. Sua atuação está focada em reportagens sobre mercado financeiro, tendências econômicas e estratégias para organização financeira, sempre com linguagem acessível e olhar crítico. Além de acompanhar indicadores e notícias de impacto global, Sandra busca trazer soluções aplicáveis ao cotidiano, abordando desde investimentos e crédito até dicas de planejamento familiar. Com um estilo investigativo e objetivo, seu compromisso é entregar conteúdos que informem, inspirem e ofereçam segurança na hora de lidar com o dinheiro.