Mesmo com cenário mais favorável, Banco Central não deve baixar juros
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central se reúne nesta semana para discutir os juros (Selic), hoje em 13,75% ao ano, e é esperada uma manutenção da taxa, sem corte neste mês.
Por que juros não devem cair agora
A decisão do Copom será anunciada nesta quarta-feira (21), por volta das 18h30. Embora criticado pelo governo Lula (PT), o atual patamar dos juros é justificado pelo BC com base nas perspectivas para a inflação, que deve continuar acima da meta em 2023 e 2024.
Projeções para a inflação explicariam a cautela do Banco Central. Ainda que a alta dos preços tenha desacelerado nos últimos meses, a expectativa do mercado é de que a inflação termine o ano em 5,12%, segundo o último Boletim Focus. O índice está acima da meta para 2023, que é de 3,25% (com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo).
Previsão é que inflação também irá estourar a meta em 2024, que é de 3%. Especialistas reforçam que o BC ainda considera as expectativas do mercado para o ano que vem (4%, de acordo com o Focus), que também apontam inflação acima da meta central. “Mês a mês, a inflação tem sinal de melhora, mas o BC quer uma confirmação”, diz ao UOL Silvio Campos Neto, economista sênior da Tendências Consultoria.
Inflação atual é “artificial”, impulsionada por desonerações. Também pesa o fato de que a recente desaceleração nos preços é resultado de uma “série de desonerações” feita no governo de Jair Bolsonaro (PL) e que “trouxeram a inflação para baixo”, segundo lembra Thaís Zara, economista sênior da LCA Consultores. É o caso do teto do ICMS sobre combustíveis, válido até março.